A reprodução das tartarugas marinhas acontece no verão. Elas precisam de temperaturas altas para incubação de seus ovos. Cada ninho tem uma média de 120 ovos e cerca de 60 cm de profundidade. Com poucos dias de vida, a tartaruga já enfrenta um desafio enorme: chegar viva até o mar! Mas isto não é nada comparado ao que vem depois. Afinal, de cada mil filhotes que entram no mar apenas 1 ou 2 chegarão à fase adulta e deixarão descendentes.
Tartarugas saem dos seus ninhos com uma missão. Precisam chegar até o mar. E quem disse isto a elas? A mãe já deixou o ninho há muito tempo e não está lá no momento do nascimento para sussurrar no ouvido delas: “Vamos crianças! Vocês precisam chegar até o mar!”. Elas já sabem disto ao nascer! Estes animais têm a capacidade de ler o campo magnético da Terra. Esta “marca” se incorpora no momento em que os filhotes saem do ninho e correm em direção ao mar. Usando esta “marca”, as fêmeas regressam à sua praia natal e deixam ali seus ninhos dezenas de anos depois.
Até que ponto somos parecidos com as tartarugas? Será que também temos uma “marca” que nos faz vir ao mundo? Seria esta “marca” o nosso legado?
Bom, somos o resultado de nossas escolhas. Foram nossas escolhas do passado que nos trouxeram até aqui. A pessoa que nos tornaremos no futuro depende das escolhas de hoje.
Em 1989, fiz uma escolha que definiu, em grande parte, a pessoa que sou hoje. Decidi fazer Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações. Mas algumas semanas antes de fazer as inscrições para os vestibulares, eu estava disposto a escolher ingressar em uma faculdade de Biologia. Eu estava fascinado pela Engenharia Genética, um ramo que estava despontando naquela época e que seria a área na qual iria me especializar. Embora ainda não soubesse, creio que desde o início eu já tinha a missão de ajudar aquelas tartaruguinhas a chegar ao mar.
Ao nadar pelos oceanos da minha carreira profissional, embarquei em algumas correntes que me trouxeram ao Instituto Dale Carnegie, onde venho atuando como Trainer há mais de 6 anos. Com o passar dos anos, cresceu a minha identificação com este trabalho fascinante nas áreas de comunicação, relações humanas, autoconfiança, liderança e controle de stress. Pouco tempo depois, decidi fazer uma Formação em Coaching que pudesse ampliar a minha visão sobre meus pontos fortes. Como um bom engenheiro, busquei fazer uma Formação em Coaching que tivesse uma base científica sólida. Encontrei na Neurociência aquilo que procurava! Acredito fortemente que esta ciência tem muito a acrescentar ao desvendar os comportamentos encontrados no mundo corporativo (da mesma forma como o Engenharia Genética revolucionou o mundo com as descobertas sobre o Genoma Humano).
Não sou uma tartaruga (e se você está lendo este texto, também não deve ser), mas de alguma forma estou convencido de que todos precisamos ter uma missão pessoal. E o quanto mais cedo fizermos este exercício melhor. Como missão pessoal, estou me referindo a um texto simples que possa integrar nossos papéis, nossos sonhos, crenças e valores. Uma declaração que servirá como guia para a tomada de decisão. Hoje, eu tenho a minha. Ela não é estática. Já mudou alguma vezes e creio que isto é importante. Afinal, pequenos ajustes de rumo são fundamentais.
A Dialogas é fruto desta missão!
E você? Já tem a sua missão?
Com base nesta experiência, apresento aqui três passos para que você possa elaborar a sua missão pessoal:
1. Observe o que as pessoas dizem sobre seus pontos fortes.
Nosso cérebro possui um radar para detectar ameaças e recompensas. Porém, o alcance e a precisão com que ele identifica ameaças é muito maior do que quando ele identifica recompensas. Em outras palavras, estamos muito mais sintonizados com o “RUIM” do que com o “bom”. Este mecanismo nos deixa pouquíssimo atentos às nossas virtudes e pontos fortes. Nossas ações são muito mais motivadas pela aversão à culpa e a vergonha do fracasso frente à ameaça do que pela busca da recompensa. Desta forma, um passo importante é observar o que as pessoas nos dizem sobre nossos pontos fortes. Frases como: “Nossa! Você tem talento para isto, ein?” devem servir para reflexão. Faça um apanhado das frases que ouviu e dos elogios que recebeu. Elas podem dar pistas sobre seus talentos e virtudes.
2. Saiba que o processo de elaboração da missão leva tempo.
Segundo Stephen Covey, “não inventamos uma missão, apenas a encontramos”. Este processo leva tempo. É preciso muita reflexão e autodescoberta. Talvez, você precise se recolher por um tempo para fazer este exercício.
Para ajudar neste processo, procure responder por escrito os seguintes pontos:
- Indo além do óbvio, quem é você?
- Quais foram suas 5 principais realizações até hoje?
- Que qualidades ou virtudes você teve para obter estas realizações?
- Escreva o nome de 3 pessoas que você admira e para cada uma delas, aponte ao menos 3 qualidades.
- Existe algum ditado, filme, frase, livro ou fotografia que lhe inspire? Qual?
- A que causa ou princípio você estaria disposto a dedicar a sua vida?
- Imagine que o mundo melhorou graças a você. O que você fez para que isto acontecesse?
- Como você gostaria de ser lembrado após sua morte?
Ao responder estes pontos por escrito, lembre-se de ter a mente aberta. Responda-os como se você não tivesse obstáculos ou barreiras. Lembre-se de que o seu cérebro talvez tente te sabotar, trazendo pensamentos que começam com conjunções adversativas, tais como: mas, contudo, entretanto, todavia, porém, etc.
3. Escreva sua missão em um conjunto de frases.
Com base nas respostas do item anterior, observe as principais palavras que foram usadas. Elas dizem muito sobre você. Estas palavras devem fazer parte da sua missão.
Escreva sua missão observando alguns critérios:
- Ela deve ser envolvente, desafiadora, poderosa e motivadora;
- Ela deve abranger todas as áreas de sua vida;
- Escreva-a com verbos no infinitivo;
- Ela precisa estar sob o poder da sua atuação ou controle;
- Ela pode ser entendida por outras pessoas.
Os passos acima são básicos e podem ser acrescidos de outros pontos importantes como conversar com pessoas de sua confiança sobre a sua missão, escrever uma pequena biografia, etc.
Ao final, lembre-se de imprimir sua missão em um pequeno cartão para que ela possa estar sempre por perto (na bolsa, na carteira, junto aos documentos, etc.). Uma missão guardada no fundo de uma gaveta é como uma tartaruga que nasce e, mesmo sabendo que precisa ir para o mar, decide ficar deitada na casca do ovo em seu ninho porque supostamente ali é mais confortável e menos arriscado.
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