Como ser mais interessante?
Vamos lá! Pense em alguém interessante. Aquela pessoa marcante e carismática, que sempre lhe impressiona por sua destreza em prender a atenção. Um indivíduo com quem você tem prazer de conversar, pois seus assuntos são sempre muito… interessantes, oras! O que esta pessoa tem de especial? Quais são seus atributos e qualidades? Onde está esta magia?
As respostas podem ser as mais diversas. Afinal, cada pessoa irá responder com base nas suas experiências e valores. Porém, acredito que há 2 principais componentes sempre presentes em pessoas interessantes. Este post tem o objetivo de nos fazer refletir sobre estes componentes, permitindo ampliar a visão sobre este tema, abrindo espaço para eventuais mudanças comportamentais que possam trazer benefícios para o convívio pessoal.
Mas antes de falarmos sobre estes dois componentes, creio que vale à pena voltarmos ao título deste post: “Você é interessante?”
Ser interessante é um conceito relativo. O que é interessante para uma pessoa pode ser banal ou aborrecedor para outra. Eu gosto de tecnologia, conduzo programas de coaching com muitos profissionais desta área e sou fascinado pelos avanços tecnológicos que estamos presenciando atualmente. Já para um amigo meu, este assunto não desperta tanta atenção. Para ele, o assunto ‘tecnologia’ não é tão fascinante assim. Bom, se o conceito é relativo, poderíamos então reescrever a pergunta da seguinte forma:
“Para quem você é interessante?”
Reescrever a pergunta desta forma permite iniciar uma reflexão sobre o quanto somos interessantes para nós. Ou, em outras palavras, o quanto gostamos da nossa companhia. Esta abordagem traz a oportunidade de exercitarmos o autoconhecimento. Que tal pensar nisto hoje? [Quer saber mais? Leia os posts: Você já prestou atenção nos seus diálogos internos? e Iluminando caminhos]
Por outro lado, é fato que desejamos ser interessantes para grande maioria das pessoas (ou quem sabe para todas?). A ânsia de sermos percebidos, acolhidos e apreciados faz parte da nossa essência.
Segundo David Rock, fundador do Neuroleadership Institute e autor de vários livros sobre neurociência aplicada à liderança, nosso cérebro está constantemente monitorando o ambiente, classificando tudo (e todos) em duas principais categorias: ameaça ou recompensa. Uma das “lupas” utilizadas para fazer este monitoramento, segundo David, é o status. Ele o define como “posição relativa no grupo”.
Este processo é dinâmico, contínuo e opera em “pano de fundo”, ou seja, cada palavra, olhar, mexida de sobrancelha, gesto etc. é interpretado (cognitivamente ou não) de forma a montar o quebra-cabeças cuja figura mostrará se aquela situação está contribuindo para ampliar ou diminuir o nosso status. A intensidade deste processo pode variar de pessoa para pessoa, e poderá estar mais presente em determinadas circunstâncias (como em uma apresentação em público ou uma reunião por exemplo).
Nos Programas de Coaching da Dialogas, usamos uma abordagem baseada em princípios de neurociência, e esta questão costuma ser recorrente. Conhecer estes conceitos pode ser muito útil para consolidação de mudanças comportamentais e de hábitos.
Bom, mas quais são os 2 principais componentes presentes nas pessoas interessantes? Eles estão correlacionados. A presença de um colabora para o desenvolvimento do outro. Vamos a eles:
1 – Verdade
Não aquele conceito de verdade sob o ponto de vista físico ou científico. Não se trata de um processo cognitivo de perceber ou interpretar algo como verdadeiro ou real (oposto do falso), por meio de um olhar crítico que busca eventuais inconsistências. Estamos falando de uma verdade pura, simples, singela, percebida por meio da leitura de que a interação com aquela pessoa é uma “experiência da verdade”. Esta leitura é feita de maneira indireta e está muito relacionada com aspectos não-verbais da comunicação, tais como: entusiasmo, convicção e assertividade.
Por este motivo, muitos profissionais de Marketing apontam que a formação de opinião do cliente em relação a uma marca (ou empresa) se dá pela somatória da qualidade percebida nos diversos “momentos de verdade”, ou seja, em cada interação: um atendimento no SAC, a visita ao site da empresa, um atendimento na loja física, a experiência de abrir a embalagem do produto, a atenção do vendedor etc.
2 – Conexão
A habilidade de se tornar interessante tende a ser proporcional à intenção de criar conexão. A capacidade de criar conexão é fundamental para o convívio entre as pessoas, seja no ambiente organizacional ou pessoal. Cabe lembrar que a intenção pode ser a melhor possível, mas ela pode não ser percebida. Ou pior, ela pode ser mal interpretada: “Puxa! Você entendeu isto? Desculpe-me! Não foi esta a minha intenção”. Quantas vezes você já ouviu ou se pegou dizendo isto?
O mundo está repleto de ruídos provocados pelo excesso de informações e estímulos: smartphones, redes sociais, sistemas de mensageria instantânea, avalanche de e-mails etc. Em um ambiente assim, torna-se cada vez mais relevante aprendermos maneiras inovadoras de manifestarmos esta intenção de conexão. E uma das melhores formas de fazer isto é surpreender! Este é o principal motivo que explica porque pessoas interessantes são aquelas que se interessam. Elas são empáticas o suficiente para saber o que nos surpreende, e fazem um esforço deliberado para provocar esta surpresa.
Especificamente no contexto organizacional, podemos dizer que a simbiose entre estes dois componentes é um dos pilares de sustentação para um ambiente de confiança, tão importante na formação de equipes de alto desempenho. [Leia mais no post: Como se tornar um líder que inspira confiança].
Verdade e conexão!
Da próxima vez que estiver interagindo com aquela pessoa interessante, perceba em você o efeito destes 2 componentes. Aprenda, observe, questione, agradeça e aprecie.
E da próxima vez que se perceber desejando ser interessante, lembre-se de como estes dois componentes podem ser usados como argamassa para construir uma nova maneira de se expressar.
Autor: Bruno Bakaukas Neto
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