Muito se fala hoje na importância de se desenvolver a Inteligência Emocional. Embora controverso, o assunto merece atenção. Afinal, é crescente o número de empresas preocupadas em entender a influência deste componente na performance dos seus colaboradores. Mas como podemos definir a Inteligência Emocional?
Segundo Salovey & Mayer, a Inteligência Emocional é a “capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela e saber regulá-la em si próprio e nos outros”.
Daniel Goleman traz em suas obras a seguinte definição: “É a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos”.
Mas para entender a Inteligência Emocional, precisamos antes tentar entender o que é uma emoção. E aí que está a grande questão! Há diversas interpretações e teorias no mundo da neurociência. Bom, estou muito longe de me considerar um especialista na área, embora esteja estudando bastante sobre o assunto nos últimos meses. Neste post, pretendo humildemente compartilhar um pouco do que venho estudando a respeito, por meio de cursos, livros, artigos, papers e conversas com especialistas na área (para quem deseja se aprofundar em princípios de neurociência aplicados à liderança organizacional, sugiro assinar o Neuroleadership Journal).
Segundo alguns autores (como Antonio Damasio e Jean-Claude Dreher), a manifestação da emoção está fortemente vinculada a um sistema de memória emocional. Um sistema de memória primitivo, com um drive rápido capaz de provocar reações imediatas e inconscientes. Portanto, faria sentido dizer que este sistema de memória desconsidera aspectos cognitivos.
Trata-se, em essência, de um processo de recuperação de experiências passadas. De acordo com esta premissa, as emoções seriam melhor definidas por meio da expressão “reações emocionais”. Parece um jogo de palavras ou uma questão semântica, mas não é. Há uma sutil diferença, cujo entendimento permite desmistificar o fato de que a emoção precisa ser necessariamente percebida cognitivamente para fazer parte da nossa consciência.
Por exemplo, quando sentimos o famoso “frio na barriga”, e o chamamos de ‘medo’, estamos na verdade observando uma reação emocional. Mas ter consciência de que há um frio na barriga (provocado pela corrida do sangue para regiões como músculos, cérebro e coração) não é condição para tomarmos consciência de que estamos com medo. A reação emocional (inconsciente, primitiva e rápida) já aconteceu há mais tempo, provavelmente em decorrência da interpretação de uma circunstância específica, que provocou o resgate de alguma memória emocional do sistema de memória sobre o qual falamos há pouco. Em outras palavras, este sistema de memória tem o papel de dar uma conotação para as circunstâncias.
Quando esta interpretação é negativa, tendemos a dizer que existem ‘emoções negativas’ (como raiva ou medo). Por outro lado, quando esta interpretação é positiva, tendemos a dizer que estamos sentindo ‘emoções positivas’ (como afeto ou alegria). No fundo, não existem emoções negativas ou positivas. O caráter positivo ou negativo é obtido pela conotação dada no momento da interpretação primitiva e automática das circunstâncias pelas quais estamos passando.
Com isto em mente, creio que agora posso voltar para o tema da Inteligência Emocional, abordando os exercícios cuja prática entendo que serão úteis para o seu desenvolvimento. O uso eficaz da Inteligência Emocional pode contribuir para aumento da autoconfiança, aumento da produtividade por meio de técnicas de delegação, eficácia na comunicação, regulação emocional, gestão de conflitos, flexibilidade, condução de diálogos eficazes, assertividade, empatia, escuta ativa, entre outros aspectos.
Vamos então para os exercícios. Procure praticá-los de forma sequencial, ao longo de 8 dias:
– Dias 1, 2 e 3: durante o decorrer destes três dias, pare algumas vezes e observe o que está sentido. Você pode utilizar o despertador do seu smartphone para avisá-lo sobre a parada. Faça-o de 6 a 8 vezes por dia. O exercício é rápido. Ao parar, procure utilizar seus sentidos e a sua intuição e anote brevemente o que está sentindo. Uma frase curta é suficiente. Ao final dos três dias, você deverá ter entre 18 a 24 anotações.
– Dia 4: reserve 15 minutos para analisar as anotações. Classifique-as quanto ao seu teor. Para cada anotação, pergunte-se: isto representa uma emoção ou um pensamento? E tudo bem se você não souber. O exercício de tentar classificar a anotação já será muito útil.
– Dias 5, 6 e 7: Repita o exercício proposto nos dias 1, 2 e 3. Desta vez, anote exatamente o que você está sentindo, NÃO pensando. Use o aprendizado do exercício anterior para afinar a resposta.
– Dia 8: Reserve 30 minutos para estudar suas novas anotações. O objetivo agora é dar um nome para cada expressão anotada. Apenas um nome que classifique, com a máxima precisão possível, a emoção presente naquele momento. Uma única palavra para cada anotação. Ao término do exercício, você terá em mãos uma lista com 18 a 24 nomes.
Agora, observe a lista e responda:
– O que mais chama a atenção nela e o que isto diz sobre você neste momento?
– Há algo que você gostaria de mudar? O que?
– Em uma escala de 0 a 10, que nota você atribui para sua habilidade de nomear as emoções?
Espero que este exercício seja útil para despertá-lo para a importância de desenvolver a Inteligência Emocional. Ao treinarmos a nomeação precisa das nossas emoções, podemos depois aprimorar a habilidade de entender o impacto que elas exercem nas pessoas, e afinar a capacidade de ler as suas respectivas emoções. Mas este ponto será abordado em um outro artigo! Fique sintonizado!
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Escrito por Bruno Bakaukas Neto.
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